Texto Argumentativo
Bruno Losse Ventura Marques
450 anos da minha “cidade maravilhosa”: adeus, Rio!
Hoje o Rio de Janeiro completa 450 anos de idade, e meus sentimentos em relação à “cidade maravilhosa” são ambíguos e contraditórios. Gosto do Rio, em vários aspectos. Mas odeio tantos outros. Como naquele comercial em que os brasileiros estão metendo o pau no país, até um argentino resolver fazer o mesmo, sou do tipo que mais critica do que elogia, mas não gosto quando a turma de fora vem fazer coro às minhas críticas. É meu último resquício de bairrismo, já quase inexistente. Deixem que falo mal do Rio eu mesmo, paulistas!
A alma do carioca é bem representada por aquele conhecido estilo descolado, simples, desapegado. No limite, somos o ícone perfeito do malandro, incorporando como nenhum outro estado brasileiro o “jeitinho” nacional. Há o lado positivo, não nego. Torna a vida mais leve, a sensação, especialmente para quem visita, é de que o carioca é mais tranquilo, sabe viver melhor, vive para comer, em vez de comer para viver, e trabalha para curtir, em vez de curtir o trabalho. Se tivesse que escolher uma dupla para representar tal estilo de vida, seria Evandro Mesquita e Fernanda Abreu: cariocas da gema.
Mas os problemas começam quando o pêndulo exagera para o outro lado, quando o toque de malandragem descamba para o excesso de oportunismo, quando o “jogo de cintura” vira sinônimo de “malandragem” excessiva. No Rio há malandro de mais para otário de menos. Somos malandros no varejo, otários no atacado. O “jeitinho” personalista tomou conta de tudo, destruindo qualquer chance de império das leis isonômicas e impessoais. Aqui tudo é no “afeto”, na “emoção”, e falamos com os outros sempre apelando para nossa situação, tentando extrair a camaradagem para obter vantagens e privilégios em vez de seguir as regras.
Deu nisso. O Rio foi se tornando um dos locais mais violentos do mundo, com sujeira para todo lado, terra de ninguém, onde as leis não existem para