TEXTO 1: Uma pequena história estilizada do capitalismo 

Para Deus, um ano nem conta, e um século é como um piscar de olhos. Assim, aos poucos, por baixo da história das flutuações, por baixo da história factual, da história de superfície, fui me interessando pela história quase imóvel, a história que se movimenta muito lentamente, a história que se repete. (BRAUDEL, apud LACOSTE, 1989, p. 7 - 8)

1- A expansão global européia

O sistema capitalista se encontra em permanente processo de expansão e sua origem pode ser situada no território que viríamos a conhecer, futuramente, como Europa, um território compreendido entre o Oceano Atlântico, o Mar do Norte e o Mar Mediterrâneo, limitado a Leste pelo enorme território da Rússia. Podemos, para facilitar nossa compreensão, situar esse movimento expansivo com a unificação de Portugal, logo seguida pela Espanha. Estes dois impérios, cingidos pelo fechamento das rotas terrestres em seus movimentos globais de expansão laçam-se, em expedições marítimas, para além do território europeu, desbravando mares e territórios. Verdadeiros empreendimentos capitalistas mercantis, aos quais estão associados Estados nacionais e capitais privados, essas expedições alcançam o Extremo Oriente, contornando a África, passando pelas Índias, atingindo a Insulíndia e, em direção ao Oeste, atingindo as Américas. O Tratado de Tordesilhas é um bom exemplo de como esse movimento de expansão em sua origem já é global, pois Portugal e Espanha dividem o mundo entre eles, à direita e à esquerda do meridiano de Tordesilhas.
Mas como se acumulava e mensurava-se a riqueza? Era pelo domínio de terras? Não, por mais que o domínio de territórios e de entrepostos comerciais fosse essencial para a acumulação, de riqueza e de poder. Nesse mundo, cuja acumulação era mercantil-financeira, o domínio sobre o comércio de longa distância, ou seja, pelo monopólio do comércio nos diferentes entrepostos comerciais foi determinante para que Portugal e Espanha se tornassem grandes impérios. Conjugando comércio e