Tese total
Este trabalho parte da idéia de que não existe software que, por si só, seja capaz de educar uma pessoa. Se acreditarmos que a educação é resultado de um conjunto de atividades que propiciam situações favoráveis para o ensinoaprendizado, então os sistemas computacionais só poderão ser considerados mais ou menos “educativos” dependendo do maior ou menor suporte que oferecerem a estas atividades.
Em outras palavras, os programas dito educativos não devem ser analisados ou desenvolvidos fora da atividade educacional para a qual são dirigidos. Um editor de textos usado por uma equipe de alunos na produção do jornal da escola provavelmente teria um papel educativo diferente do obtido pelos mesmos alunos caso utilizassem o mesmo editor para copiar trechos de livros.
O desafio é conseguir descrever as atividades educacionais de modo que, de um lado, os engenheiros de software possam se orientar e, de outro, que os educadores tenham suas idéias e necessidades contempladas. Este é o principal objetivo do presente trabalho.
Para tratar deste problema, propõe-se uma abordagem para o desenvolvimento de software baseada na Teoria da Atividade, um corpo teórico que estuda, dentre outras coisas, como a cultura, as relações sociais, as ferramentas e outros elementos influenciam as atividades humanas. A Teoria da Atividade vem, nos últimos anos, ganhando cada vez mais espaço na Engenharia de Software, principalmente nas áreas onde a consideração de fatores humanos é mais importante. Como domínio de aplicação e elemento de referência para a abordagem proposta, buscou-se suporte no Construcionismo, uma teoria que estuda o uso da tecnologia na criação de ambientes educacionais. O resultado pragmático mais conhecido do Construcionismo é a linguagem de programação Logo que, nos últimos 20 anos, tem sido utilizada por milhões de estudantes como um solo fértil principalmente para o desenvolvimento do raciocínio crítico e da construção de
conceitos