Tertuliano
CRISTOLOGIA
Tertuliano afirma com clareza as duas naturezas de Cristo, sem confusão entre as duas, nem redução de alguma delas. Nisso, proclama já o que mais tarde havia de ser solenemente afirmado no Concílio de Calcedónia.
“A afirmação das duas substâncias numa única pessoa” Portanto, segundo o Concílio da Calcedónia, Cristo possui as duas naturezas, a humana e a divina, sem que a união anule a diferença. Um só e o mesmo Cristo, Filho, Senhor Unigénito, em duas naturezas inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis, concorrendo numa só pessoa e hipóstase, não separada ou dividida em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho Unigénito, Deus Verbo, o Senhor Jesus Cristo, como desde o princípio os profetas anunciaram a seu respeito e como Jesus Cristo, ele mesmo, nos ensinou.
MARIOLOGIA
Tertuliano acentua que Maria deu realmente à luz o Verbo Encarnado. Reconhece que ela era virgem quando concebeu, mas para lutar contra a cristologia doceta, que defendia que o nascimento de Jesus tinha sido apenas aparente, nega a virgindade de Maria no parto e após o parto. Do mesmo modo, entende que os “irmãos de Jesus” são filhos de Maria. Apesar de tudo, Tertuliano proclama Maria como a nova Eva.
“Assim como não nascendo da Virgem, pode sem mãe ter a Deus por Pai, do mesmo modo, nascendo da Virgem, pode ter a uma mulher por mãe, sem homem pai” (De Car. Ch.C. 18)
ECLESIOLOGIA
Tertuliano considerava a Igreja como mãe, numa expressão de extremo respeito e veneração. Tal como Eva foi formada da costela de Adão, também a Igreja teve a sua origem na chaga de Cristo. A Igreja é guardiã de Fé e Revelação. Assim, as Escrituras pertencem-lhe, e só ela mantém o ensinamento dos Apóstolos e pode transmiti-lo. Esta concepção, do período católico de Tertuliano, é ortodoxa, e semelhante à defendida por Ireneu de Lyon. Na sua fase montanista, porém, torna-se visivelmente herege,concebendo a Igreja como um corpo puramente espiritual, de modo que bastam