Territorialidade e agroecologia
Introdução
Desde a segunda metade do século XX a sociedade contemporânea vive momentos de crises e mudanças de paradigmas. Uma das questões que emergiram neste contexto é a temática ambiental. Presente em conferências internacionais como a Conferência de Estocolmo, ECO-92 e recentemente a Rio +20, o paradigma ambiental coloca em questão o modelo de sociedade ocidental, que é pautado no consumo material e abastecimento por fontes de energias não renováveis. Ambas as características reverberam enquanto consequências em vários setores da sociedade humana. O modelo ocidental trouxe consigo o conceito de “desenvolvimento”, cunhado pelo presidente estadunidense Harry F. Trueman em seu discurso de posse no ano de 1945. Na sua fala, o presidente recém-eleito categoriza os países não-ocidentais enquanto “sub-desenvolvido”, e lança como parte de sua agenda a necessidade do “desenvolvimento” dos países implicitamente inferiores. Esta palavra, “desenvolvimento”, transcende um mero conceito e se torna uma visão, descrição ou medida do que deve ser a sociedade desejada, segundo Alain Thomas (2005). Neste sentido a sociedade ocidental cunhava não só um termo no âmbito político internacional, mas sim um modelo ou um projeto a ser seguido onde a hegemonia já estava posta, ditando o ocidente como tipo ideal de sociedade. Atrelado ao ato de se “desenvolver”, os países categorizados enquanto subdesenvolvidos deveriam implantar projetos de desenvolvimento pautados em modelos prontos para que pudessem atingir o tipo ideal instituído pela hegemonia ocidental, estes, sendo projetos inclusive financiados por bancos americanos e europeus. No caso brasileiro não foi diferente, estes projetos chegaram na metade do século XX para fazerem grandes mudanças estruturais. No que toca estes projetos de desenvolvimento e como afetam a sociedade, José de Souza Martins