POESIAS
Lembranças...
Têm forma, tamanho e cor.
São como as estrelas.
Não basta possuí-las, senti-las ou contá-las.
É preciso entendê-las.
Falam piscando, dia e noite, todo o tempo.
E, mesmo mortas, revelam, inaudíveis,
A dimensão dos sonhos.
Lembranças...
Quem não as têm?
Possuí-las sem entendê-las
É exilar-se na morada
Onde nascem e morrem os sonhos.
Duas almas
Aquela manhã radiosa de inverno só minha, prenhe de luxúria,
Em que a natureza e a via Láctea se me davam por inteiras,
Estrelas invisíveis, de intensidade e matizes diferentes, sôfregas de luz,
Lembram seu colo lirial em harmonia de pequeninas estrelas marrons,
Uniram nossas almas num único corpo.
Pois, testemunhas do tempo e dos amantes,
Abriram-se num portal para dividir com você
A sagração da vida, em momento também seu.
E a vi, no contorno das montanhas,
Exalando seu cheiro nos manacás floridos.
E a tive em todas as curvas do caminho, ouvindo seu coração acelerado
Pulsando o meu e, numa cadência una, que só nós sentíamos,
O calor de sua boca na minha desnudava nossos corpos trêmulos,
Ecoando sussurros audíveis só ao universo.
Extasiados de prazer, translúcidos e serenos, caminhamos juntos
Na noite iluminada pelos sóis dos sonhos.
Viagem a Santa Maria de Jetibá.
Lento, o carro subia;
A cabeça girava em busca do tempo,
Em harmonia com o cenário, seguia,
A cada curva a natureza se desnudava,
Exuberante, a mata dava boas-vindas.
Aqui e acolá, ipês amarelos floridos.
Sentinelas, lado a lado no caminho,
Alas de hibiscos multicoloridos.
Manacás apinhados de flores roxas,
Tons variados esmaecendo até o branco.
Sentia suas cores, o coração.
Roxo de saudade!
O lago à beira da estrada atraía a atenção,
Cantávamos as venturas e desventuras.
Tudo era emoção.
Chegamos ao destino,
Um