Teoria moral s. tomas aquino
Tratar da teoria moral de Sto. Tomás de Aquino seria impraticável aqui, porém a discussão de alguns pontos importantes pode ajudar a mostrar suas relações com a ética de Aristóteles.
Eudemonismo
Na Ética a Nicômaco, Aristóteles argumenta que todo agente age tendo em vista uma finalidade, e todo agente humano age tendo em vista a aquisição de felicidade. A felicidade, diz ele, deve ser uma atividade, primariamente uma atividade que aperfeiçoa a mais excelente faculdade do homem, que é dirigida aos mais excelentes e nobres objetos. Ele conclui, então, que a felicidade humana consiste primariamente na theoria, ou seja, na contemplação dos mais excelentes objetos, e especialmente na contemplação do Motor Imóvel, Deus. Contudo, ele também afirma que o gozo de outros bens, como a amizade, e, moderadamente, bens exteriores, é necessário para o aperfeiçoamento da felicidade. A ética de Aristóteles é eudemonística em caráter, teleológica e marcadamente intelectualista, já que é evidente que para ele contemplação significava contemplação filosófica: ele não estava se referindo a um fenômeno religioso como o êxtase de Plotino. Ademais, a finalidade (telos) da atividade moral deve ser adquirida nesta vida: Na ética de Aristóteles não há qualquer alusão a visões de Deus em outra vida, e é de fato questionável se ele acreditava em imortalidade pessoal. O homem verdadeiramente feliz de Aristóteles é um filósofo, e não um santo.
Sto. Tomás adotou um ponto-de-vista eudemonológico e teleológico similar, e a sua teoria da finalidade da conduta humana é, em alguns aspectos, intelectualista; mas há uma mudança de ênfase que logo se torna visível e que marca uma considerável diferença entre a sua teoria e a de Aristóteles. Os únicos atos humanos que se incluem propriamente dentro da esfera moral são os atos livres, aqueles que procedem do homem precisamente enquanto homem como ser racional e livre. Estes atos humanos(actiones humanae