Teoria do conhecimento de santo agostinho
O caminho adotado por Agostinho para o “conhecimento de si” tem como característica o seu abandono nas mãos de Deus. A respeito, escrevia Agostinho: “Só posso me conhecer a mim mesmo à luz da verdade, graças à qual sou sempre conhecido (como criatura)”. É na fé que o homem pode desenvolver a sua faculdade de conhecer. Reciprocamente, o conhecimento reforça a fé. A respeito, Agostinho frisava: “Crede ut intelligas; intellige ut credas” (Crê para que conheças; conhece para crer) A busca das condições do conhecimento conduz à descoberta do fundamento do saber na certeza interior da consciência. No seu esforço para superar o ceticismo, Agostinho encontrou um caminho de pensamento comparável ao que Descartes seguiria mais tarde. Eu posso me equivocar acerca das coisas fora de mim. Mas, enquanto duvido, sou consciente de mim mesmo enquanto duvidante. A certeza da minha existência é pressuposta em todo julgamento, em toda dúvida e em todo erro: “Si enim fallor, sum” (Pois se me engano, então existo).
Destarte, a via em direção aos fundamentos da certeza conduz à interioridade. A respeito, Agostinho escrevia: “Noli foris ire, in teipsum redi; in interiore homine habitat veritas” (Não queiras ir fora de ti; volta-te sobre ti mesmo, pois no interior do homem habita a verdade). O homem, ao procurar a verdade, envolve-se num movimento que o conduz sempre mais longe, ao interior de si mesmo e que constitui o ponto de partida para a ascensão ao amor de Deus. Esse movimento leva o homem do mundo exterior e sensível (foris) ao mundo interior do espírito humano (intus) e, daí ao mais íntimo do coração (intimum cordis). Tudo se dirige “a Deus como fundamento original da verdade em si mesma”. É no seu interior que o homem encontra certas verdades necessárias e seguras, válidas independentemente do tempo e supra-individuais (por exemplo, os fundamentos da matemática e o princípio de não contradição). Essas verdades não provêm da