Teoria cluster
O debate acerca do conceito de cluster no
Brasil, assim como no plano internacional, tem suscitado o interesse de estudiosos e gestores de políticas públicas, desde que a prosperidade de aglomerações setoriais de pequenas e médias empresas em plena crise fordista, no início dos anos 1980, motivou revisitações às contribuições de Alfred Marshall sobre os distritos industriais. Impulsionada pelos conhecidos trabalhos de Porter (1990,
1998) sobre competitividade de firmas e regiões, e pelo reconhecimento por parte do mainstream do papel dos rendimentos crescentes para a dinâmica econômica nas chamadas novas teorias de crescimento e comércio internacional (Krugman,
1995), a importância da localização e a noção de cluster têm-se difundido tanto no campo acadêmico quanto no de formulação de política industrial em países de variada formação econômica. Sob a denominação de arranjos produtivos locais, os agrupamentos de pequenas e médias empresas vêm alcançando grande ressonância no Brasil, como atestam extensa produção acadêmica (Cassiolato e
Lastres, 2001, entre outros) e fomento governamental
(via Sebrae, especialmente).
A idéia subjacente ao conceito é a de que existe uma correlação entre porte e flexibilidade de adaptação às exigências da evolução constante da acumulação capitalista, e de que essa flexibilidade decorre em parte da divisão de trabalho alcançada em agrupamentos territoriais de empresas de uma mesma cadeia de valor.
Daí a referência predominante a aglomerações de pequenas e médias empresas.
Trata-se, em suma, da noção de externalidades derivadas de locações industriais especializadas, proposta por Marshall ainda no século XIX: especialização setorial e divisão de trabalho intensificam eficiência e competitividade da firma, induzindo à concentração espacial.
Em meio à crise de acumulação, nos anos 1980, são a flexibilidade e a concentração geográfica de firmas de pequeno e médio portes