TEMPO
UNISC
SÚMULA: Lições da pedra: a sala de aula e a produção do aluno.
Aluna: Ana
Santa Cruz do Sul
2012
Lições da pedra: a sala de aula e a produção do aluno. Cynthia Greive Veiga
DE QUE TEMPOS A ESCOLA É FEITA ?
Roseli A. Canção Fontana
O tempo nos constitui. Nele nos organizamos, nos situamos e nos reconhecemos em relação aos movimentos dos astros, aos ciclos da natureza; ao fluxo daquilo que realizamos e das relações que vivemos; ao ritmo das mudanças acontecidas em nós, nos espaços em que existimos e nas pessoas com quem existimos. Inscritos no fluir da grande temporalidade, vamos compreendendo os elos quem nos ligam a nossos outros e ao mundo, vamos nos compreendendo como antes, como agora e como possibilidades. O tempo possibilita-nos saberes e evidencias nossas mais transformações: põe-nos eretos e torna mais ágeis nossas mãos, vinca linhas em nossas faces, curva-nos os ombros, torna nossos passos mais vagarosos.
Se hoje, alerta-nos E. Leach(1974), parece-nos “natural” conceber o tempo e vive-lo como uma coisa concreta, externa a nós, encapsulada nos relógios e cronômetros e que controla o ritmo de nossas ações, mesmo quando não temos nada para fazer. Como seres humanos, em nossa condição histórico-cultural de existência, criamos intervalos na vida social, que instauram e separam as relações, situam os indivíduos e suas experiências, constituindo lugares sociais e subjetividades. Segundo o provérbio árabe citado por Marc Bloch (2001, p. 60), “[...] os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais”. No entanto, poucas vezes nos damos conta de nossa historicidade.
Nas sociedades pré-capitalistas, destaca Thompson (1991), o tempo tinha um “sentido” circular inspirado nos ciclos da colheita e do trabalho artesanal. Nessas sociedades, cujas atividades eram diretamente afetadas pelas variações “naturais”. A percepção que os indivíduos tinham