Tempo
Tempo
Victor Silva dos Santos
SÃO PAULO
2014
O TEMPO NA FÍSICA
Henrique Fleming Neste artigo, destinado a leitores não-especialistas, mas afeitos ao pensamento teórico, pretendemos descrever as contribuições da física, em especial da física deste século, à elucidação da natureza do tempo e de suas relações com outros conceitos fundamentais usados na ciência. O tempo de que vamos falar não é nenhuma construção especial da física moderna, mas é o tempo mesmo, de domínio público, e sobre o qual se manifestaram muitos filósofos importantes, dois dos quais, Santo Agostinho e Kant, exerceram e exercem grande influência sobre os físicos mais indagadores. Kant, por sua origem, nos está mais próximo, em suas considerações sobre o tempo (nas Antinomias, por exemplo). Mas mesmo filósofos deliberadamente distantes da ciência, como Benedetto Croce, influem sobre a conceituação do tempo na física, ou iluminam a interpretação daquilo que a estrutura formal das teorias nos propõe ou impõe. Pois o que é um resultado importante na física? A resposta esperada, de que importante é o resultado que encontra aplicação na vida prática, é correta, mas aborda só um lado da questão e nem mesmo o mais importante. Em 1957, Chen Ning Yang e Tsung Dao Lee receberam o prêmio Nobel de física pela descoberta de que a natureza permite que se defina a mão esquerda de maneira absoluta (ou seja, sem ser por comparação com uma mão direita). Nenhum prêmio Nobel de física foi considerado tão importante quanto este, desde então. As aplicações práticas (dentro da física) da descoberta de Yang e Lee foram surgindo com o tempo, na teoria dos neutrinos, nas modernas teorias de grande unificação, etc. Mas o seu grande impacto se deve ao fato de que ensinou algo sobre um problema de antiga tradição na filosofia, tema dos debates Leibnitz-Clarke, e que ainda não se esgotou até hoje. Vale dizer, um