Tempo e trabalho

O vídeo em questão começa acompanhando a trajetória de uma trabalhadora de serviços gerais de uma empresa até chegar ao local de trabalho. As câmeras mostram a peleja enfrentada através de longas caminhadas somada a um trajeto na linha de metrô mais lotada do subúrbio paulista: suor, mau cheiro, desconforto, desrespeito, estresse.
Esse é apenas um dos aspectos ligados ao tempo que envolvem a vida laboral de um trabalhador. Outros aspectos nesse contexto devem ser considerados e analisados se se deseja investigar a apropriação e o sentido do trabalho nas atividades laborais.
Esses aspectos, segundo Dal Rosso, são a jornada e a intensificação de trabalho. A jornada de trabalho é o aspecto que se relaciona mais precisamente à duração do tempo de trabalho, a quantidade de tempo que o trabalho consome da vida das pessoas. Essa quantificação é refletida em outras áreas da vida do sujeito, como o tempo disponível para outras atividades, como o lazer e a arte, além de estabelecer relação direta com as condições de saúde, o tipo e o tempo de trabalho executado. Esses fatores tem impacto sobre a qualidade de vida do sujeito de modo geral.
A curva da jornada de trabalho sofreu alterações ao longo da história, tendo atingido a extensão máxima do tempo de trabalho ao tempo das Revoluções Industriais, e apresentando queda no número de horas trabalhadas com o advento da conquista formal das leis trabalhistas e dos movimentos liberais. Na contemporaneidade a tendência é a redução da jornada de trabalho e seus desdobramentos e implicações também são alvo de estudos e analises, que passam pelo desenvolvimento tecnológico e da dissolução das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo livre, atravessando assim o poder para a vida pessoal.
“A compreensão desse deslocamento de poder do âmbito do trabalho para o mundo da vida foi pioneiramente tematizada pelos Frankfurtianos, em especial Adorno e Horkheimer (1991) e Marcuse (1982), em cujas análises acerca do conceito de dominação