Telenovelas latino-americanas: é tudo sempre a mesma coisa?
TELENOVELAS LATINO-AMERICANAS: É TUDO SEMPRE A MESMA COISA?
Iara Sydenstricker[1]
RESUMO: a partir de uma síntese sobre a evolução do melodrama e do chamado folhetim eletrônico na América Latina e no Brasil, empreende-se uma primeira e rápida análise comparativa entre as aberturas de uma telenovela escrita por autores mexicanos e de uma telenovela escrita por brasileiros, ambas para uma emissora mexicana de televisão. Em sua conclusão, o artigo aponta para as perspectivas de exploração e inovação de temas, estéticas, formas de produção e linguagens em torno dos tradicionais parâmetros que regem o melodrama.
PALAVRAS-CHAVE: América Latina; melodrama; tradição; inovação.
ABSTRACT: Departing from a synthesis about the melodrama and the feuilleton evolution in Latin America and Brazil, a first and quick comparative analysis is undertaken between the overtures of a soap opera written by Mexican authors and a soap opera written by Brazilians, both being run by a Mexican TV broadcasting station. In its conclusion, the article points to the exploration perspectives and innovations of themes, aesthetics, production forms and speeches around the traditional parameters that rule melodrama.
KEYWORDS: Latin America; melodrama; tradition; innovation.
Berço da burguesia urbana, a Europa renascentista dos séculos XVI e XVII acolhe uma nova classe social calcada na economia comercial e no capital mercantil, marcando a era moderna até sua culminância, com as Revoluções Industrial e Francesa no final do século XVIII. É nesse período que surge o drama burguês, elevando o homem comum à condição de personagem, deslocando-o do espaço da comicidade até então a ele reservado e substituindo o horror e a piedade da tragédia clássica pela empatia e compaixão na modernidade. Passam a