Tecido Memória
As fábricas têxteis ocuparam uma importante posição no inicio da industrialização brasileira entre o fim do século XIX e meados do século XX. Neste período, Pernambuco chegou a ser, depois de São Paulo e Rio de Janeiro, o estado da federação com as maiores companhias têxtil e maior número de trabalhadores. Estas fábricas tiveram forte presença no cotidiano dos habitantes de Recife e municípios próximos.
A Companhia de Tecidos Paulista foi a maior dessas fábricas onde seus tecidos abasteciam a rede de lojas varejistas de sua propriedade, as Casas Pernambucanas espalhadas por todo país. Muitas gerações de família operária tiveram parte importante de suas vidas nessas fábricas e nessas aglomerações urbanas. A Companhia Paulista contratava famílias inteiras, empregando até crianças. Eram prometidas casas próximas à fábrica além de serem oferecidos também os móveis. Porém, as condições de moradia não eram de fato como prometidas, sendo normal aglomerar até 4 famílias em um mesmo casarão. O povo do interior costumava trabalhar com cana o que tornava suas mãos calejadas e isto era bastante valorizado pelos contratantes das fábricas, pois indicava que tais pessoas eram boas trabalhadoras. Uma vez que essas pessoas tinham uma qualidade de vida precária e muitas das vezes passavam fome, ter a oportunidade de trabalhar com tecido, o que geraria mais renda, era bastante tentador.
Os funcionários costumavam trabalhar por volta de 12 horas diárias e por turnos alternados, tornando-se praticamente impossível estudar, o que era de interesse dos patrões, já que manter o povo ignorante e analfabeto evitava com que os mesmos funcionários pudessem pensar. O interesse era apenas no trabalho braçal e não intelectual das pessoas.
Eram cedidos pedaços de terras os funcionários para que fossem plantados vários tipos de legumes, verduras e frutas para consumo dos mesmos e suas famílias, uma vez que os salários pagos eram baixos. Os