Taylorismo
INTRODUÇÃO
Conhecemos de perto a dificuldade que se instalou em nossa sociedade de vivermos sem o controle total do tempo, sem nos guiarmos continuamente pela pressão obsessiva do relógio, mesmo quando nada temos para fazer. Ou precisamente nesses momentos. Numa sociedade que valoriza o tempo do mercado, tempo linear, evolutivo, tempo-dinheiro que passa muito rápido, que se gasta e que deve ser utilizado ao máximo, perdeu-se definitivamente os vínculos com a determinação do tempo pela natureza. Por isso a idéia de medir-se o cozimento de um ovo pela duração de uma prece parece-nos absurda e engraçada. De fato, jamais poderíamos dizer, como alguns povos primitivos, que alguém tenha morrido "em menos tempo do que leva o milho para ficar completamente tostado", querendo com isto dizer em menos de quinze minutos. Para nossa sociedade que transformou o tempo em mercadoria, até o próprio lazer tornou-se um problema. Mais ainda, tornou-se uma dificuldade e, portanto, deve ser programado com antecedência para o bom proveito e para o sossego de todos. A própria concepção do lazer como "tempo de folga", como um "tempo livre" que se opõe ao tempo do trabalho, revela até que ponto aprofundou-se a oposição entre vida e trabalho. E, no entanto, este próprio momento do não-trabalho foi absorvido pela embriaguez do consumo. Aproveitar o tempo livre passou a significar na sociedade do trabalho a necessidade de satisfazer ansiedades criadas pelo desejo nunca satisfeito de consumo voraz. Susan Sontag, fotógrafa norte-americana, retrata em seus Ensaios sobre Fotografia uma cena curiosa: turistas japoneses, americanos e alemães especialmente intimidam-se diante da paisagem nova e desconhecida com que se defrontam. Não sabendo como agir, recorrem aos sofisticados aparelhos fotográficos que carregam no pescoço: a produção de fotografias atende a este sentimento de medo e de insegurança diante do novo; a máquina fotográfica permite dominar este