taxas do brasil
Segundo os especialistas, parte do problema é relacionado ao real forte. Quando se faz a conversão com o rela valorizado, os preços nacionais ficam maiores em dólar. Mas, ainda que o real tivesse uma desvalorização de 10% ou 20%, um grande número de produtos continuaria a ser muito mais caro no Brasil do que em outros países, já que a tributação brasileira é muito alta.
Os importados entram aqui por um preço muito além da média e os produtos internacionais fabricados por aqui – caso de carros, computadores, cosméticos e eletrodomésticos –, muitos com peças ou produtos importados acabam sofrendo com o sistema de tributação vigente no Brasil. É o que diz o presidente do IBPT, João Eloi Olenike.
“Nossa carga tributária é muito pesada em cima do consumo. Se você for comprar uma tesoura, por exemplo, o preço vai embutir IPI, ICMS, os impostos sobre folha de pagamento, sobre o lucro, PIS e Confins.”
Olenike também critica o modelo de tributação. “No Brasil, os impostos incidem em efeito cascata. Quando você vai comprar a tesoura, há tributação embutida desde a produção do aço, da liga e daí para frente. Isso vai sendo repassado da indústria até chegar a você. Todos da cadeia produtiva colocam tributação em cima do preço. É a cumulatividade. Isso não existe no exterior, lá só se tributa o valor agregado, ou seja, quem faz a liga, paga pela liga. No Brasil, na maior parte das vezes, isso não acontece, vai acumulando.”
O advogado Luiz Cláudio Allemand, presidente da Comissão Especial de Direito Tributário da OAB nacional, vai pelo mesmo caminho. “Além de termos uma tributação pesada, há outro agravante. No Brasil temos uma demanda muito grande, só que não temos infraestrutura industrial e logística para atender toda essa demanda. O que acontece? Os preços sobem. A tributação alta também é uma forma de o governo segurar o consumo. Com os preços altos já há demanda, imagine o que ocorreria se os preços estivessem no mesmo