Taxas de juros e câmbio: efeitos dos juros e do câmbio sobre a indústria
“Taxas de Juros e Câmbio: Efeitos dos juros e do câmbio sobre a indústria”
Armando Monteiro Neto Presidente CNI Maio 2010
1. Câmbio atual é inadequado para a estrutura industrial brasileira
O câmbio é um problema para a indústria brasileira há anos
Uma grande preocupação da indústria brasileira hoje é o patamar valorizado em que se encontra o Real. Com a superação da crise econômica de 2009, o problema voltou a ganhar importância entre os principais problemas enfrentados pela indústria. As duas edições da Sondagens Industrial CNI realizadas em 2010 revelam que a questão é o terceiro principal problema enfrentado pelas empresas industriais. Esse problema não é novo. Em outra pesquisa da CNI, “Os Problemas da Empresa Exportadora Brasileira”, realizada no fim de 2007 – quando a taxa de câmbio real / dólar era de R$1,78/US$, bem próxima a atual – a taxa de câmbio foi apontada por 82,2% das empresas como um dos principais entraves para a expansão das exportações. A valorização do câmbio reduz a competitividade dos produtos brasileiros, diminui a rentabilidade das exportações e inibe investimentos para a exportação. Com isso, prejudica um vetor fundamental para o crescimento do país, as exportações. A despeito do vigor do nosso mercado doméstico, a importância das exportações para a economia brasileira é inquestionável: 17% do crescimento brasileiro entre 2000 e 2008 pode ser atribuído ao crescimento das exportações. Desde 2004 o ritmo das quantidades exportadas vem se reduzindo, e a partir de 2008, registrou-se queda. Considerando-se apenas os manufaturados, o volume exportado cai desde 2006. Ao mesmo tempo, a valorização cambial também dificulta a concorrência de produtos brasileiros com similares importados no mercado doméstico. Assim, exerce papel decisivo no grande aumento das importações. Em valor, as importações aumentaram 210% entre 2000 e 2008. Entre 2006 e 2008, o crescimento nas compras de bens de consumo