Taciana
RALO DA PIA
Fernando Lang da Silveira
Instituto de Física UFRGS
Porto Alegre RS
Rolando Axt
Departamento de Física, Estatística e Matemática
Ijuí RS
UNIJUÍ
Resumo
A explicação usual que afirma ser a força de Coriolis responsável pelos redemoinhos ou vórtices em ralos de pias, tanques ou banheiras é questionada. Descrevem-se os experimentos realizados por Shapiro
(1962), com o objetivo de testar essa afirmação. Finalmente são propostos alguns experimentos que o leitor facilmente poderá realizar em casa, mostrando a insustentabilidade daquela explicação.
I. Introdução
É comum ouvir-se que, ao escoar por um ralo, no Hemisfério Sul da Terra, a água produz um vórtice ou redemoinho em sentido horário; já no Hemisfério Norte, o
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vórtice ocorreria em sentido anti-horário. A força inercial de Coriolis é apontada para justificar tais comportamentos. Recentemente a revista Ciência Hoje (v. 25, no 150 de junho de 1999, p. 4) divulgou tal concepção.
Comentando sobre isso com alunos, um deles relatou ter assistido a um programa de televisão, gravado na linha do Equador, onde, em um recipiente do qual escoava água, podia-se observar o redemoinho, ora em um sentido, ora em outro, dependendo do lado da linha em que o recipiente era colocado.
Intrigados com a origem dessa concepção, consultamos textos de
Mecânica, alguns deles utilizados em disciplinas dos cursos de graduação e pósgraduação em Física, com o objetivo de encontrar referências sobre o problema dos
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Em homenagem ao engenheiro e físico G. G. Coriolis (1792 1843), que deduziu a equação para as forças inerciais que atuam em um corpo em um sistema de referência em rotação (por exemplo, a Terra): a força centrífuga e a força de Coriolis.
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Cad.Cat.Ens.Fís., v. 17, n. 1: p. 22-26, abr. 2000.
vórtices em ralos de pias. Em diversos desses textos, era discutida a formação de vórtices na atmosfera (ciclones) devido à força de