Síntese do texto o caminho da carta de Caminha
KOTHE, Flávio R. O cânone colonial. Brasília: UNB, 1997. 416 p.
Kothe em seu texto coloca argumentos para defender que a Carta que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei do Portugal não pode ser considerada como marco inicial da literatura brasileira, tão pouco ser considerada como literatura, segundo o autor é muito mais um documento de posse do que de literatura, uma ficção jurídica. Como se não bastasse a carta não ter sido escrita por um brasileiro, ela também não tinha o propósito de ser publicada, tanto é que ela foi escrita em 1500 e fui divulgada somente em 1817.
A Carta foi colocada como marco inicial da nossa literatura por um jogo de interesses, interesses de Portugal é claro, dessa forma o Brasil é filiado a formação de Portugal, a hegemonia portuguesa sobre as minorias étnicas continua evidente e é imposta a visão de que a terra é utópica, fantasiosa e imaginária, o que mantém até hoje a ideia de que Portugal é superior ao Brasil, principalmente na literatura.
Nas escolas a carta é estudada de maneira equivocada, reduzida e fragmentada por causa desse jogo de interesses a carta é mostrada aos alunos de tal maneira que dá a impressão de que os portugueses fizeram um favor ao domesticar nosso povo. A carta esconde a verdadeira história e o professor não se esforça para mostrar a verdade e os livros didáticos com seus exercícios não estimulam o pensamento crítico, deixando os alunos apenas com o ponto de vista português, que não relata a exploração desgovernada de pessoas e de matéria-prima, muito pelo contrário apresenta tudo de maneira linda. Junto com a carta veio o cânone, os portugueses impuseram sua literatura negando qualquer outra expressão artística, o que se tinha era uma literatura lusa feita sobre ou no Brasil. Para Kothe a literatura brasileira não é a que produzimos e consumimos aqui, esta nos foi imposta e aceita como