Surrealismo
No Brasil da década de 1910, onde o Parnasianismo e o Simbolismo ainda norteavam as criações poéticas, mas já mostravam sinais de esgotamento, as vanguardas europeias foram recebidas com entusiasmo por escritores que procuravam renovar as formas de expressão artística. O país também vivia período de grandes mudanças, inclusive com a urbanização e a chegada de novas tecnologias que transformavam o ritmo de vida e o cenário das grandes cidades, e que pareciam alterar a percepção do mundo; faziam-se necessárias, assim, para muitos autores, novas maneiras de comunicação poética. A industrialização brasileira, que vinha crescendo desde o começo do século, foi impulsionada com a Primeira Guerra Mundial e estimulou a urbanização das cidades, principalmente de São Paulo. A capital paulista, que até meados do século XIX havia se mantido pequena e pacata, com a expansão da cafeicultura começou a experimentar um enorme crescimento econômico. O café era a principal mercadoria brasileira de exportação, e o estado de São Paulo chegou a produzir sozinhos 75% de todo o café do mercado mundial. A imensa riqueza gerada por essa situação transformou-se em investimentos em vários setores da economia paulista, principalmente o industrial, e no patrocínio de artistas. O período foi marcado também pela chegada em massa de imigrantes, principalmente italianos, muitos dos quais haviam vivido a experiência da luta de classes em seus países e divulgaram no país ideias anarquistas e socialistas. Com o crescimento urbano e industrial o proletariado também cresceu e organizou-se; no decorrer das primeiras décadas do século XX ocorreram várias greves em São Paulo, sendo a maior delas em 1917 - mesmo ano da Revolução Russa. Também ocorreu o fortalecimento de uma pequena classe média e o aumento da marginalização dos antigos escravos e seus descendentes.
Os primeiros anos do século XX são, ainda, de radicais transformações políticas, e abrangem acontecimentos decisivos