Suicídio Lírico em Os Sofrimentos do Jovem Werther
É uma história de amor como tantas outras, com uma trama, em princípio, bem simples e um final já conhecido pela maioria. Porém, a obra parece possuir vida própria e encanto quase hipnótico, talvez por ter sido inspirado na própria vida do autor, o que lhe confere um tom de sinceridade e confidência ímpares. O romance é rico em detalhes, com cenários belíssimos, bucólicos, genuinamente românticos. Toda a ação é emoldurada por colinas, lagos, florestas e pelo crepúsculo primaveril.
Escrito em forma epistolar, o livro nos faz mergulhar no personagem, viver seu cotidiano, absorver sua estética. Podemos sentir através de sua pele os seus abalos, suas excitações, seus arroubos apaixonados, suas delirantes alegrias e suas abissais tristezas. É uma obra que nos enche de prazer e, ao mesmo tempo, nos dilacera, como uma paixão adolescente.
Há uma grande polêmica envolvendo o livro que, na época de sua publicação, provocou uma onda de suicídios entre jovens europeus ‘perdidamente apaixonados’, chegando a ser proibido em determinadas regiões. Os jovens chegavam a se vestir e se comportar como o personagem. Pela primeira vez, se viu um livro influenciar de maneira tão direta na cultura e não o contrário.
Tudo começa quando Werther conhece Carlota e no mesmo instante se apaixona por ela. Contudo, descobre que ela está prometida a outro homem, Alberto, e em breve irão se casar. Werther prefere ignorar este fato e continua mantendo relações (não íntimas) com Carlota. Porém, a angústia vai tomando conta do jovem, que ao compreender que seu amor jamais poderia ser consumado, decide extinguir a própria vida.
Como as cartas são escritas pelo próprio Werther, o que podemos saber sobre ele é que era um jovem de classe humilde, apaixonado, impetuoso, sentimental, inconstante, rebelde, crítico