substância s puras
Criada pelo Presidente Campos Sales (1898-902), para que sua política ortodoxa de valorização do mil-réis e de pagamento das contas externas tivesse prosseguimento no governo seguinte, a “política dos governadores” visava a uma troca de apoios entre a Presidência da
República, que desejava um “Congresso dócil”, e os poderes estaduais estabelecidos (partidos, oligarquias, famílias).
Grosso modo, os executivos estaduais garantiriam a eleição de bancadas federais que apoiariam as iniciativas do Presidente da República, e, em troca, essas “oligarquias” poderiam eternizar-se nos respectivos poderes estaduais, através de um “processo eleitoral” que funcionaria em todos os níveis. Esse processo constava de uma depuração dos eleitos indesejáveis, que era realizada pelas Comissões de Verificação de Poderes.
Essas comissões poderiam anular os votos de candidatos da oposição dos poderes estaduais (degola) em qualquer nível: municipal, estadual ou federal (tanto no Executivo quanto no Legislativo). Para um detalhamento interessante dos “três escrutínios” que levavam à depuração dos candidatos eleitos, ver João Neves da Fontoura (1958, p. 232-233).
Isso mostra o quanto a fraude eleitoral era uma instituição nacional na Primeira República brasileira. Esse era um mecanismo muito perigoso em tempos de crise, pois foi através dele que Borges de Medeiros venceu a eleição estadual de 1922 no RGS e, consequentemente, sofreu a Revolução de 1923, que provocou a modificação da Constituição castilhista e tornou-o, doravante, inelegível. Foi também através dele que Júlio Prestes venceu
Vargas nas eleições presidenciais federais de março de 1930, o que desencadeou a Revolução que seria vitoriosa em outubro do mesmo ano e que levaria Vargas à Presidência do Brasil por 15 anos.