Sto. Agostinho
TEXTO DE APOIO
SANTO AGOSTINHO
§ 156. A FIGURA HISTÓRICA
Pela primeira vez na personalidade de Agostinho a especulação teológica deixa de ser puramente objectiva, como se conservara mesmo nas mais poderosas personalidades da patrística grega para se unir ao próprio homem que a institui. O problema teológico é em Santo
Agostinho o problema do homem Agostinho: o problema da sua dispersão e da sua inquietude, o problema da sua crise e da sua redenção, da sua razão especulativa e da sua obra de bispo.
Aquilo que Agostinho deu aos outros foi aquilo que conquistou para si próprio. A sugestão e a força dos seus ensinamentos que não diminuíram através dos séculos, muito embora tenham mudado os termos do problema, deriva precisamente do facto de que em toda a sua especulação, mesmo nos aspectos que parecem mais afastados de qualquer referência imediata à vida, apenas procurou e alcançou a clareza sobre si mesmo e sobre o seu próprio destino, o significado autêntico da sua vida interior.
O centro da especulação de Agostinho coincide verdadeiramente com o centro da sua personalidade. A atitude de confissão não se limita só ao escrito famoso, mas é a atitude constante do pensador e do homem de acção que, em qualquer coisa que diga ou empreenda, não tem outra finalidade senão a de ver claro em si mesmo e de ser aquilo que deve ser. Por isso, declara que não quer conhecer mais nada senão a alma e Deus e mantém-se constantemente fiel a este programa: a alma, isto é, o homem interior, o eu na simplicidade e verdade da sua natureza; Deus, isto é, o ser na sua transcendência e na sua normatividade sem o qual não é possível reconhecer a verdade do eu.
Por certo, nesta radical interiorização da investigação filosófica, Agostinho tem predecessores; e tais predecessores são «os Platónicos» que evoca muitas vezes nas suas obras e especialmente
Plotino. Mas para os Neoplatónicos o retomo a si próprio, a atitude da introspecção só pode