SONETO
Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
TIPOS DE SONETO
Camoniano par: Com quatro rimas, é de todos o mais belo e difícil. Quanto menos rimas, mais versos na mesma rima. Portanto, um complicador a mais desafiando a habilidade do poeta.
Camoniano ímpar: Com cinco rimas, é ligeiramente mais flexível mas não menos difícil. Nos quartetos a rima continua abraçada (ABBA ABBA), mas nos tercetos o esquema muda para CDE CDE.
Parnasiano estreito: Com cinco ou sete rimas, mantém o deca camoniano mas inverte as abraçadas no segundo quarteto, ou não repete no segundo quarteto as rimas do primeiro, ou cruza rimas nos quartetos, liberando ao máximo o posicionamento nos tercetos.
Parnasiano largo: Com cinco ou sete rimas, esquematiza-se optativamente nas mesmas condições do modelo precedente, trocando apenas o decassílabo pelo do decassílabo (alexandrino).
Moderno branco: A ausência de rima é contrabalançada pela rigidez métrica.
Moderno livre: A ausência de metro e rima parece facilitar, mas deve ser compensada pela extrema destreza do poeta ao trabalhar cada palavra.
EXEMPLOS
Rimas