Sociologia Mudanças sociais
No Brasil atual, a base das mudanças sociais esteve, de maneira geral, demarcada profundamente pela heterogeneidade associada à intensa desigualdade na partilha dos frutos da expansão econômica.
Antes de ter completado mais de duas décadas de retrocesso econômico e social, observado a partir da crise da dívida externa (1981 - 83), o Brasil perseguiu, por quase cinco décadas, uma fase de intensa transformação econômica e social que o permitiu avançar da 56ª para 8ª economia mundial e reduzir tanto a pobreza - de mais de 4/5 para menos de 2/5 da população - como o analfabetismo - de 5/6 para 1/5 dos brasileiros. Apesar da velocidade das transformações, constata-se que tudo isso não resultou no mesmo patamar civilizatório verificado nos países desenvolvidos devido não apenas à tardia internalização do projeto de industrialização nacional (pós-1930), mas também à baixa cultura democrática. A incipiência do regime democrático, que não chega a 40% do século de industrialização nacional, impossibilitou a realização plena das reformas agrária, tributária e social. Nos dias de hoje, o país segue com estrutura fundiária pouco distinta da brutal concentração constatada no início dos anos 1950, assim como continuam os pobres a arcar com o maior peso da carga tributária e o estágio de bem-estar social muito distante do avanço econômico alcançado.
Apesar disso, a sociedade brasileira apresentou significativa mobilidade social, com rápido e volumoso fluxo migratório do campo para cidade. Em síntese, o Brasil fez, em três décadas praticamente, o que as nações desenvolvidas levaram mais de um século para transitar majoritariamente de população rural para urbana. Dada a inacreditável brutalidade da vida no campo, o ingresso nas cidades, por mais penoso que tenha sido, representou, muitas vezes, ascensão social. Para o grosso dos migrantes que não tiveram alternativa do que morar nas favelas das grandes cidades, as condições de vida conseguiam ser