Socio Historico
Wanda Maria Junqueira de Aguiar
Concordamos com Vygotski (1991a) quando afirma que a psicologia é impotente para enfrentar suas tarefas práticas, caso não disponha de uma infraestrutura lógico-teórica e metodológica. Assim, para que possamos falar de orientação profissional como um processo em que indivíduos vivenciam situações de escolha para ocupar um posto de trabalho na sociedade, temos que nos deter em algumas questões: nossa concepção de indivíduo e de como vemos sua relação com o mundo social; como se dá seu processo de escolha; qual é nossa meta/objetivo ao realizarmos a orientação profissional.
Nosso objetivo, com este artigo, é apresentar algumas reflexões que a psicologia sócio-histórica tem realizado sobre os pressupostos teóricos e metodológicos direcionadores da prática em orientação profissional, tendo como eixo o processo de escolha, tal como entendido por esta abordagem.
Com relação aos pressupostos teóricos e metodológicos, sua relevância se dá por acreditarmos que a discussão sobre a orientação profissional não pode se resumir à apresentação de um conjunto de estratégias e de atividades. É fundamental a discussão do “como fazer”, ou seja, a discussão da prática e dos processos que aí ocorrem, bem como a reflexão sobre os pressupostos que orientam a prática, indicando, assim, a ética que aí está contida.
Concepção de indivíduo e sua relação com o mundo social
O homem é, assim, visto como um ser social, de carne e osso e, como tal, constituído nas e pelas relações sociais. Este homem, além de produto da evolução biológica das espécies, é produto histórico, mutável, pertencente a uma determinada sociedade, estando em uma determinada etapa da evolução histórica.
Este homem, constituído na e pela atividade, ao produzir sua forma humana de existência, revela – em todas as suas expressões – a historicidade social,
Psic. da Ed., São Paulo, 23, 2º sem. de 2006, pp. 11-25