O homem e ser sócio historico
Angel Pino Si rgado'
Introdução
Expor em algumas páginas a contribuição da corrente sócio-histórica de Psicologia é temeroso mas, ao mesmo t emp o, excitante. Temeroso, porque se trata de uma linha de pensamento complexa e ainda insuficientemente conhecida entre nós, uma vez que só recentemente estamos tendo acesso às principais obras dos autores que integram esta corrente psicológica. Excitante, porque esta linha de pensamento, se não constitui uma resposta acabada aos vários problemas teór icos colocados à Psicologia, pelo menos representa uma via de superação de certos impasses epistemológicos a que ela chegou.
A Psicologia padece desde as suas origens (que os autores si tuam na data da aparição das obras de W. Wundt, Grundzüge der Physiologischen Psychologie e de F. Brentano, Psychologie vom Empirischen
Standpunkt, em 1874) de uma espécie de falta de " ident idade epistemo l ó g i c a ", resultante da dificuldade que ela tem para identificar e definir os contornos do seu própr io objeto de conhecimento. Isso não a impediu, porém, de realizar notáveis progressos, tanto no campo teórico como, e sobretudo, no da sua aplicação em diversos setores da atividade social. Mas, como diz L. Sève (1981), não sem uma certa ironia, ela avança rapidamente no estudo do seu objeto sem saber exatamente em que consiste este objeto. Talvez seja esta uma das
* Doutor em Psicologia e Professor de Psicologia da Educação da Faculdade de Educa- ção da UNICAMP. principais razões porque a Psicologia se apresenta ainda como um mosaico de teorias, métodos e práticas heterogêneas, oferecendo
"o espectáculo de um universo fragmentado onde se justapõem, ignorando-se ou excluindo-se, as tendências metodológicas, as correntes teóricas, as orientações fundamentais e aplicadas" (Richelle,
1982). Na introdução aos Anais do simpósio ocorrido em