Social
Certamente já nos perguntamos, ou fomos perguntados, sobre o que seja a cultura. Vivendo num país onde tanto se fala da variedade e da exuberância cultural que permeia de forma emblemática o nosso povo, é, no mínimo, esperado que tenhamos uma ideia concebida sobre o que venha a ser esse fenômeno tão expressivo e característico da nossa gente e de todos os povos do Termo. O termo “cultura” surgiu em 1871 como síntese dos termos Kulture Civilization. Este, termo francês que se referia às realizações materiais de um povo; aquele, termo alemão que simbolizava os aspectos espirituais de uma comunidade. Naquele ano, Edward Tylor sintetizou-os no termo inglês Culture.
Com isso, Tylor abrange num só vocábulo todas as realizações humanas e afasta cada vez mais a ideia de cultura como uma disposição inata, perpetuada biologicamente.
O primeiro conceito etnográfico de cultura surgiu com Tylor, que a entendia, como “um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.”
Como que complementando o conceito de Tylor, Jaques Turgot escreveu que o homem é possuidor de um tesouro de signos e que tem a faculdade de multiplicá-los infinitamente, de retê-los, de comunicá-los e transmiti-los aos descendentes como herança.
Tylor entendia a cultura como um fenômeno natural, e como tal poderia ser analisado sistematicamente, visando à formulação de leis que explicassem sua gênese e transmissão. A diversidade cultural, por exemplo, era explicada por Tylor como resultado da desigualdade dos estágios evolutivos de cada sociedade. Assim, caberia à antropologia a tarefa de estabelecer uma escala civilizatória com dois extremos: um representado pelas sociedades europeias; e o outro pelas comunidades periféricas, ficando claro o princípio evolucionista unilinear. Neste sentido, a antropologia daria o maior exemplo de etnocentrismo, institucionalizada