Sobre o sentimento moral
31 DE MARÇO DE 2014
ANTONIO L. MATTEUCCI
ANÁLISE DO TEXTO SOBRE O SENTIMENTO MORAL
O motivo deste trabalho é demonstrar como Hume utiliza os cinco argumentos do apêndice de seu texto Uma investigação acerca dos princípios da moral intitulado Sobre o sentimento moral para tratar do seguinte problema: “em que medida a razão ou o sentimento participam de todas as decisões que envolvem louvor ou censura”. Para isso, convém que retomemos a discussão do texto no momento em que este problema passou a fazer sentido.
No início do segundo parágrafo do apêndice o filósofo diz que a utilidade é um dos principais fundamentos do louvor moral e este problema aparece no texto da Seção III que trata da Justiça. A utilidade seria o “norte” de todo sentimento de justiça. Se falamos de norte, estamos falando de certa tendência e precisamente aqui estaria a evidente a participação da razão no processo: cabe à ela “(…) informar-nos sobre a tendência dos atributos e ações e apontar suas conseqüências benéficas para a sociedade ou para seu possuidor.” [1]. Note-se, no entanto, que ao diferenciar “conseqüências benéficas para a sociedade” e conseqüências benéficas “para seu possuidor” o autor pretende colocar o problema no sentido de diferenciar os interesses envolvidos nas ações, ou seja, se uma sociedade não é senão um coletivo de homens, é preciso que o fim seja comum, não basta que as ações sejam justas, mas que sejam úteis; é preciso que a justiça seja, para o sujeito justo – justo como um atributo, guiada pelo mesmo princípio comum. Portanto, para tratar de questões a respeito da justiça é necessária uma “razão ou julgamento muito acurados para chegar à correta determinação” [2]. Uma lei civil tem esta função de determinação.
É certo que a razão tenha o poder de apontar para a utilidade, no entanto, o filósofo diz que a razão não tem o poder de “gerar em nós qualquer tipo de censura ou aprovação moral”, o que significa caracterizar a função