Neurose

Meeting the Shadow – The Hidden Power of the Dark Side of Human Nature
Connie Zweig e Jeremiah Abrams (orgs.)
London, Penguin Books, 2000
(texto adaptado)
SOBRE A NEUROSE
Nenhum paciente em psicoterapia consegue recuperar a beleza e a inocência sem enfrentar primeiro a fealdade e a maldade dentro de si mesmo. Jung diz-nos que não ofendemos o diabo por lhe chamarmos de neurose. A forma como vivemos, a experiência das nossas próprias almas pecadoras continuam a ser o nosso único Inferno.
Um exemplo claro do tormento intrínseco ao comportamento neurótico está patente nas atitudes do paciente manipulador. O manipulador luta pelo poder de controlar outras pessoas, para não experimentar a sua própria impotência, e para conseguir escapar do medo de que os outros o manipulem. Confiar nos outros no passado, como ele teve de confiar enquanto criança, resultou na experiência de ser usado pelos outros, sem que alguém tivesse tido consideração pelo seu bem-estar ou pelos seus sentimentos. Como ninguém parecia preocupar-se com ele quando criança, ele agora não se sente seguro a ponto de poder confiar nos outros. Daí que sinta que tem de ser ele próprio a direcionar sua vida somente em relação aos seus próprios interesses pessoais.
O neurótico tenta, então, fazer com que as pessoas o tratem de maneira diferente. Mas descobre, assim como todos nós descobrimos, que não consegue 'obrigar' ninguém a amá-lo. Temos de mostrar quem somos realmente e arriscar.
Claro que podemos dar uma impressão agradável aos outros, lisonjeá-los e consolá-los. Ou podemos intimidar as outras pessoas, assustá-las e ameaçá-las. Mas a adulação ou a coerção não conseguem obter um amor verdadeiro.
Podemos, em vez de amor, pedir uma recompensa pelo nosso bom comportamento. Mas ficamos depois condenados a viver com a sensação de que as pessoas, se nos conhecessem realmente como somos, não gostariam de nós.
Se abrimos caminho à custa da opressão, temos de viver com medo da retaliação que ocorrerá se,