Sistema Político do Segundo Império - Raymundo Faoro
O segundo Reinado, visto na distância de um século, oferece uma visão harmônica elegante, enganadoramente monumental no quadro estilizado.
Segundo Faoro (2001, p. 389), a história política se resume, a partir de 1836, na luta dos dois grandes partidos, o liberal e o conservador, separados e identificáveis por um ideário próprio. A Câmara dos Deputados, que ganhara, na Regência, a dignidade de uma convenção permanente, estaria no centro do quadro, movida pelo sistema parlamentar em busca de plenitude e expressão.
Pode-se dizer, segundo a visão a Faoro (2001, p. 390) que o Segundo Reinado foi o período mais importante do Brasil no século 19. Até então, não se pode dizer que houvesse um sistema político bem definido. No tempo de Dom Pedro
I houve o “partido brasileiro” e o “partido português”, que não eram bem partidos, mas sim correntes de opinião. Nos primeiros anos do Segundo
Reinado foram restaurados o poder moderador e o Conselho de Estado e se formaram os dois primeiros grandes partidos brasileiros, o Partido Conservador e o Partido Liberal.
Porém, apesar dos conflitos iniciais entre conservadores e liberais, a tendência política no Segundo reinado era a conciliação entre os dois partidos.
Afinal de contas, a maior diferença ideológica entre eles no período regencial era quanto a maior ou menor centralização política, sendo esse o principal causador dos conflitos. O Segundo Reinado põe fim à discussão sobre o grau de centralização, pois agora o poder está nas mãos do imperador, e isso é indiscutível. Restavam agora os jogos de interesses dos diversos setores representados no Parlamento, não mais por grandes divergências ideológicas, mas pelo acesso ao uso da máquina do Estado.
O Parlamentarismo brasileiro e o Poder Executivo permaneceram nas mãos do
Imperador, que o exercia com seus Ministros, levando à centralização políticoadministrativa do Império e ao fortalecimento da autoridade do Governo