Sistema Imune na gravidez
Em qualquer ser humano, as respostas imunológicas desempenham um papel importante não apenas como sistema de defesa contra agressões externas, mas como mediadoras do equilíbrio dinâmico do organismo. No sistema reprodutor feminino, a imunorregulação está presente desde a deposição do espermatozoide, passando pela interação entre endométrio e blastocisto, na implantação do óvulo, na manutenção da gestação, até o nascimento do bebê.
• Uma gravidez normal pode ser encarada como uma espécie de transplante semialogénico e portanto é um exemplo imunológico de uma reacção induzida, tolerada com sucesso.
Modificações na produção de substâncias próprias desse sistema, no entanto, de forma direta ou indireta, podem acarretar alterações no processo reprodutivo e, clinicamente, manifestar-se por um amplo espectro de patologias, como a incapacidade de engravidar ou os abortos de repetição.
Quando não provocam aborto, as alterações imunológicas podem ser responsáveis por gestações complicadíssimas, como a ocorrência de hipertensão e pré-eclâmpsia, por exemplo, muito associadas à trombose.
A gestação, em si, já coloca a mulher em um estado de hipercoagulação - a gestante apresenta dez vezes mais chance de ter uma trombose em relação à não gestante
-, e a doença se agrava naquelas com predisposição ao problema. Em mulheres saudáveis, o organismo desenvolve naturalmente mecanismos que reconhecem a situação como um "transplante compatível" e impedem a rejeição fetal.
Sabe-se que a intensidade e a qualidade da resposta do sistema imune materno são fundamentais para determinar o sucesso ou não da gravidez. Diversos estudos investigam os mecanismos de imunorregulação na gravidez normal e em gravidezes que terminam em aborto e em falhas de implantação (nos casos em que a paciente já recorreu à fertilização in vitro). Entre as situações imunológicas importantes no impedimento da progressão da gravidez, estão a aloimunidade, as