Aspectos da imunologia na gravidez
Do ponto de vista imunológico, a gestação somente é possível porque uma intrincada rede imunorregulatória é disparada com o objetivo único de desenvolver um estado de tolerância materno-fetal e permitir a implantação e manutenção do concepto até que haja condições de sobrevivência fora da cavidade uterina.
Entre os fatores envolvidos nessa complexa rede imunomodulatória para a tolerância e regulação do desenvolvimento fetal e formação da placenta, destacam-se: a influência hormonal sobre o sistema imune materno, o reconhecimento das moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade paterno (expressas pelo embrião), as citocinas liberadas no meio, o controle da citoxicidade direta das células Natural Killer uterinas e atividade das células T regulatórias.
Aspectos da imunologia da gravidez
O estudo dos mecanismos biológicos da gravidez contribui para aumentar os conhecimentos sobre tolerância imunológica. A forma como o sistema imunitário é modulado e o estudo dos sistemas de reconhecimento materno, inatos e adaptativos, que ocorrem durante a gravidez, permitem compreender a sobrevivência do feto.
Procedemos neste artigo a uma revisão das interacções imunológicas celulares e moleculares, que contribuem para uma gravidez bem sucedida. À medida que a gestação evolui, o embrião em desenvolvimento fica isolado num ambiente semi-permeável. A organização anatómica da interface materno-fetal parece ser essencial para a evolução saudável da gravidez. A ausência de moléculas clássicas de MHC na superfície do trofoblasto, e o reconhecimento de moléculas não clássicas de HLA-G por receptores
KIR nas células uterinas NK constituem exemplos de tolerância celular na interface materno-fetal, com consequências benéficas para o feto.
Os papéis únicos das proteínas reguladoras do complemento, células NK uterinas, macrófagos, células T de diferentes fenótipos, ambiente de citoquinas, bem como