Sintese de Filosofia
Um par de óculos e umas centenas de lentas
A relação do homem com o mundo é sempre mediana por suas ferramentas. Ele constrói, apreende e interpreta a realidade a partir dos instrumentos que lhe são fornecidos pela cultura. Essas teias, onde se misturam pontos abertos e fechados, novos e antigos, e linhas de todas as cores, são a cultura. É a partir desse véu da cultura, dessas lentes, que vemos então as coisas, os outros, e a nós mesmos.
Uma vez vendo os outros por detrás dessas lentes, e a partir de uma visão de mundo, há uma tendência em considerar nossa forma de ver e fazer as coisas como a mais correta, ou mesmo a única correta. Tal postura etnocêntrica consiste em tomar o que é nosso como aos nossos valores um suposto caráter de universalidade.
O etnocentrismo não é, entretanto, exclusividade de nossa sociedade ocidental e moderna. É um fenômeno que se registra por toda a parte. Sobre o assunto, Heródoto já nos contava que;
“Se fosse dada a alguém, não importa a quem, a possibilidade de escolher entre todas as nações do mundo as crenças que considerasse melhores, inevitavelmente escolheria as de seu próprio país.”
Binóculos: explorando territórios desconhecidos
Partir para o território do outro, dar espaço ao que não é familiar. Esse é o primeiro passo para uma possível transformação do olhar, uma relativização de ponto de vista. A curiosidade do homem sobre si próprio sempre existiu, mas a passagem do curioso, do exótico e do bizarro, para uma consciência da alteridade é que marca realmente o pensamento do homem sobre o homem, e a reflexão a respeito da diferença.
O Jogo dos Espelhos
É a partir do conhecimento do outro que eu posso, finalmente, entender quem sou. Cruzar a fronteira, deixando seu território, é a melhor forma de – olhando para trás- ver meu mundo com o espanto que não podia germinar enquanto eu estava dentro dele.
O Narciso antropológico, ao