Sindrome poli-x
A Estalagem São Romão Logo de início, traça-se um paralelo entre o comportamento dos portugueses João Romão e Miranda, ambos negociantes maquiavélicos e inescrupulosos, que se tornam proprietários, respectivamente, de um cortiço e de um sobrado, constituindo-se a trajetória deles nas principais linhas de ação que compõem o enredo do romance, habilidosamente engendrado por Aluísio Azevedo. No cortiço, morava a “ gentalha”, constituída por brancos, tanto brasileiros como imigrantes, ao lado de pretos e mulatos; no sobrado, acomodava-se a família de Miranda. A propósito: o substantivo masculino sobrado tem origem no termo latino superatus, que significa “ o que está por cima”. João Romão, que se tornaria dono do cortiço, começara como empregado de um verdeiro, também português que, enriquecido, volta para seu país e transfere o negócio para seu funcionário, em pagamento de salários acumulados. Reunindo todas as más qualidades de um ser humano obcecado por ganhar dinheiro, o novo proprietário amplia suas atividades ao apoderar-se das economias de Bertoleza, uma escrava, que se tornara sua companheira e a quem ele descaradamente engana, forjando uma carta de alforria. Crendo-se livre, ela passa os dias fritando um peixe chamado “ carapicu”, nome que se torna apelido do cortiço – que João Romão vende no estabelecimento, logo transformado em armazém, casa de pasto ( restaurante), café e loja de ferragens.Assim, o português foi juntando capital para construir, casinha a casinha, a “ Estalagem São Romão”. Para edificar as casinhas, João Romão não hesitou em surrupiar materiais de construção em obras próximas. Logo alugadas para lavadeiras, proporcionam-lhes bons rendimentos, que se somam aos lucros da venda e lhe permitem adquirir e explorar uma pedreira situada ao fundo do cortiço, onde os operários também vão morar. Desse modo, João Romão consolida rapidamente uma fortuna considerável.
O Sobrado do Miranda João Romão quis ampliar