Simmel e o estrangeiro
Contudo, embora carregue consigo o estigma da não coesão social, o estrangeiro é também parte do grupo, mesmo que lotado em uma posição desconfortável e dissonante. É um elemento já arraigado ao contexto social, embora tenha ideias que diferem e por vezes contradizem a moral comum dos demais.
Assim, convivendo cotidianamente com os diferentes, o estrangeiro é próximo aos nativos no que tange ao espaço físico, mas diferente no tocante da subjetividade de conceitos compartilhados. Esta dicotomia gera um paradoxo: ao mesmo tempo que sua presença é parte da vivência social, é tratado constantemente como alguém alheio ao conjunto, e portanto, é quase indiferente.
Conclui-se assim que o estrangeiro é aquele que por diferir dos demais em aspectos como a linguagem, os costumes e/ou a não partilha de axiomas sociais, trafega entre a proximidade e a distância na dimensão da sociedade. O estrangeiro, é portanto – como proposto por Simmel – uma figura da geometria social: é a forma que tem como conteúdo, o sentimento de estar a parte dos preceitos gerais de determinado ambiente.