silvia
A princípio Itard e Pinel acreditavam que aos poucos o garoto selvagem iria se adaptar e tomar os hábitos dos homens civilizados. O que nos primeiros meses pouco aconteceu sendo desacreditado pelo Dr. Pinel, declarando-o como idiota irrecuperável. Mas a persistência de Itard gerou grandes progressos, após alguns meses Victor (como foi chamado) andava normalmente, suportava as roupas e desenvolvia pequenos trabalhos, a fala foi pouco desenvolvida já que para Itard estava atrelado ao fato de que a mesma seria aprendida nos primeiros anos iniciais.
O filme de François Truffaul assim como o antropólogo Lévi – Strauss nos ajuda a entender a questão de cultural e natural, que envolve o garoto selvagem em que o animal e humano, racional/irracional, civilizado/selvagem se entrelaçam.
Segundo Strauss “a criança anda espontaneamente desde que organicamente for capaz de fazê-lo".
(Levi-Strauss:1976, p. 42). Sabemos que com o estudo de caso do menino selvagem isso não é possível, já que se a criança não receber estímulos sociais não irá se desenvolver, sendo impossível de separar o desenvolvimento motor e intelectual do meio social. Para Truffault “recebemos a natureza por herança, mas a cultura não nos pode ser dada senão pela educação”. (entrevista com François de Truffault).
O homem é um ser biológico e ao mesmo tempo individuo social, sendo um misto de elementos naturais e culturais, mas na ausência de regras segundo Strauss é possível distinguir natural e cultural. O garoto selvagem ao ser privado dos meios sociais era um ser bruto natural movido por instintos biológicos, onde desenvolveu características animais,