Sexualidade na sala de aula
Santina Célia Bordini
Mestranda em Educação
UFPR
santinabordini@terra.com.br
1. Analisando algumas situações:
Situação 1
É mais um dia de aula como outro qualquer em uma sétima série de uma escola pública do estado do Paraná. Aula de ciências. 4º bimestre do ano de 1990. Conteúdo: corpo humano. Assunto: Aparelho reprodutor masculino e feminino. Todos os alunos estão em silêncio e a professora inicia a aula falando:
- A função dos sistemas reprodutores é a perpetuação das espécies. Em contraste com os outros sistemas que vocês estudaram até então que tem como função a manutenção da vida do individuo como a digestão, a respiração, a circulação e a excreção, sem as quais o individuo não sobrevive, os sistemas reprodutores só tem uma única função no nosso corpo a reprodução.
Agora, abram o livro de ciências (Gewandsznajder, 2002) na página 187 que diz o seguinte: “A reprodução é fundamental para a espécie humana e para os seres vivos em geral. De fato, se tivéssemos, em algum momento da evolução humana, perdido a capacidade de nos reproduzir, nossa espécie já estaria extinta. Mas as relações sexuais e a reprodução humana têm muitas outras conseqüências: desde uma gravidez não desejada até o risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis – inclusive a AIDS”.
Situação 2
Livro de ciências, 7ª série da editora Scipione, 2004. Vários autores (APEC) coleção Construindo Consciências, página 112. Título do capitulo 1 “A sexualidade nos animais e nas plantas”.
Que discursos sobre corpo, sexo, sexualidade, natureza e cultura estão sendo reproduzidos por esses meios pedagógicos?
Que tipo de representações de ciência, de corpo e de natureza estão sendo naturalizadas por esses meios?
São essas as questões centrais que me disponho a buscar reflexões em meu projeto de pesquisa. Pretendo problematizar o trabalho escolar de discussão sobre a sexualidade a partir