sexualidade grega
BRIAN ARKINS
University College Dublin, Ireland
Tradução: Leonardo Teixeira de Oliveira, 2007
Nas últimas décadas, e particularmente nos últimos dez anos, um copioso trabalho tem sido feito sobre o tema da sexualidade no mundo da
Grécia e de Roma. Em uma era pós-freudiana tal produção é presumivelmente esperada, mas não deveríamos esquecer que, até bem recentemente, era virtualmente impossível discutir questões sexuais de um modo aberto e isento; seria suficiente apontar a expurgação de Aristófanes e a escandalosa edição de Fordyce de Catulo, que omitiu 32 poemas por motivos espúrios que “não se permitem ser comentados em inglês”. Agora, felizmente, um clima mais sensato de opinião prevalece, no qual o presente ensaio sobre a sexualidade no século V a.C. em Atenas não é excepcional.
Ensaios como este têm sido grandemente facilitados pelo aparecimento de diversos livros sobre a sexualidade antiga e, em particular, pelo aparecimento do grande livro de David Halperin, One Hundred Years of Homosexuality and Other Essays on Greek Love (London 1990)1. O que segue neste artigo deve consideravelmente a Halperin.
Existe atualmente um corpus considerável de evidências para sugerir que o comportamento sexual humano é, em grande medida, socialmente construído. Isso significa que a maneira com que homens e mulheres conduzem suas vidas sexuais é determinada em certo nível pelo que uma sociedade particular considera aceitável. Antes de irmos à Atenas do século
V a.C., é esclarecedor considerar o caso da Irlanda nos séculos XIX e XX.
Em 1820, o comportamento sexual na Irlanda era construído pela economia
*
ARKINS, Brian. ‘Sexuality in Fifth Century Athens’, Classics Ireland, Vol. 1
(1994).
1
Para uma importante resenha do livro de Halperin, outras duas obras relacionadas –
J.J. Winkler, The Constraints of Desire: The Anthropology of Sex and Gender in Ancient
Greece (1990) e Before Sexuality: The Construction