A sexualidade ontem e hoje
O Homoerotismo na antigüidade clássica
(...) “Sejamos mais precisos: melhor que de homossexualidade, deveríamos falar de relações entre pessoas do mesmo sexo. Deveríamos, então, empregar o termo homofilia. De fato, sem exacerbar o sentido do paradoxo, poderíamos até mesmo afirmar que a homossexualidade não existe na Grécia”.
Jean-Philippe Catonné A sexualidade, ontem e hoje
No conjunto de ensaios que se seguirão a este, pretendo analisar historicamente com vocês como as várias (homo) sexualidades se configuraram ao longo do tempo através do uso da linguagem. Nesta jornada, iremos verificar como nossas crenças acerca das múltiplas sexualidades participaram na construção de um ideário lingüístico com força performativa, para falar da verdade do sujeito homoerótico contemporâneo.
Partindo desta concepção, penso que de todos os seres vivos, o ser humano é o único que possui, entre tantas, duas características básicas que o distingue dos outros seres: a capacidade de raciocínio e a habilidade da fala, através da linguagem.
A linguagem nos propicia a comunicação seja através da palavra escrita, falada ou através de códigos, gestos ou sinais. Somos capazes, então, de nomear o que ainda não tem nome, de modificar e redescrever o que já foi nomeado, ou de dizer aquilo que não queremos dizer, já que “não somos senhores nem mesmo na nossa própria casa”.
Para aquilo que ainda não possui nome, logo, logo, conseguimos inventar palavras novas para determinados objetos, atos ou situações do cotidiano, de acordo com a nossa crença e moral vigentes, e compreendê-los a partir de então como uma verdade única e universal. E quando não temos a compreensão científica de determinado fenômeno, nossa tendência é procurar de imediato uma explicação lógica e daí, ou o aceitamos ou o reprimimos, afastando-nos o mais que possível, senão, exterminando-o.
Na época da inquisição, que se estendeu do século XIV até o século XVII, para aquilo que