ENSAIOS HOMOERÓTICOS
(...) “sejamos mais precisos: melhor que de homossexualidade, deveríamos falar de relações entre pessoas do mesmo sexo. Deveríamos, então, empregar o termo homo filia. De fato, sem exacerbar o sentido do paradoxo, poderíamos até mesmo afirmar que a homossexualidade não existe na Grécia”. Jean-Philippe Catonné
A Sexualidade, Ontem e Hoje.
Para aquilo que ainda não possui nome, logo, logo, conseguimos inventar palavras novas para determinarmos objetos, atos ou situações do cotidiano, de acordo com a nossa crença e moral vigentes, e compreendê-los a partir de então como uma verdade única e universal. E quando não temos a compreensão cientifica de determinado fenômeno, nossa tendência é procurar de imediato uma explicação lógica e daí, ou o aceitamos ou o reprimimos, afastando-nos o mais que possível, senão, exterminando-o.
O caráter histórico das praticas sexuais, sua dimensão simbólica e seu caráter dialético, configuram elementos que nos permitem compreender a relação individuo/sociedade/sexualidade. Até o fim do século XVIII, o direito canônico, a lei civil e a pastoral cristã estabeleceram o licito e o ilícito dos atos sexuais, colocando no núcleo do seu discurso a família e seu papel reprodutivo, objetivando deste modo a ordem e o controle social através da regulamentação das praticas sexuais.
Como o inicio da modernidade e o avanço das ciências, o foco de atenção sexual deixou de ser o matrimonio e se concentrou nas sexualidades periféricas, ou seja: a sexualidade dos loucos, das crianças, dos criminosos e no prazer homoerotico. As sexualidades ditas periféricas não surgiram na modernidade: sempre estiveram presentes durante épocas anteriores, porém a diferença é que agora elas passam a ter uma visibilidade e são apresentadas como entidades especificas que devem ser