Servoço social
Marco Aurélio Santana* D o s s iê
1. Introdução
O
s anos de 1950 marcam um período de extrema importância para os trabalhadores brasileiros. O movimento sindical, liderado pela aliança das militâncias comunista e trabalhista, conseguiu grande avanço organizativo e mobilizatório, o que resultou em uma forte participação dos trabalhadores no seio da sociedade e na vida política nacional.
Após mais de uma década desse intenso crescimento e atividade, toda a estrutura organizacional dos trabalhadores brasileiros, na base e na cúpula, foi duramente atingida pelo golpe civil-militar de 1964, o qual tinha como uma das suas justificativas exatamente impedir a implantação de uma “república sindicalista” no país. A prisão de lideranças, a perseguição de militantes, bem como a desestruturação do trabalho nos sindicatos e nas fábricas, desbarataram atividades que levariam bastante tempo para serem recompostas. Em termos do movimento operário, o que restou, como tradicionalmente restava em períodos como esse, foi o trabalho pequeno e silencioso no chão de fábrica. Era preciso recompor forças e somar esforços para enfrentar a ditadura.
* Doutor em Sociologia. Professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Publicou, entre outros, Homens partidos: comunistas e sindicatos no Brasil (São Paulo, Boitempo, 2001); tendo organizado também Trabalho e tradição sindical no Rio de Janeiro: a experiência dos metalúrgicos (Rio de Janeiro, Editora DP&A, 2001) e Além da fábrica: trabalhadores, sindicatos e a nova questão social (São Paulo, Boitempo, 2003), com José Ricardo Ramalho. Endereço eletrônico: msantana@bridge.com.br.
Nº 13 – outubro de 2008
O problema maior é que a implantação do regime militar abriu, no seio da esquerda em geral, e no interior do até então partido hegemônico da esquerda em