Serviço social
25/mar/2000
O caminho que leva à marginalidade não é traçado por uma categoria particular de crianças e adolescentes, mas sim por todo um conjunto de problemas sociais.
Por Maura Roberti
"Crianças Ladronas", este é o título que dá início ao livro "Capitães da Areia", do Mestre da narrativa baseada em temas regionais.
A realidade social e cultural da Bahia, levou Jorge Amado a coletar, neste título, algumas reportagens publicadas em jornais daquele Estado, as quais serviram de alicerce para o livro acima mencionado.
Sua obra, das mais significativas da moderna ficção brasileira, tem como fundamento o quadro regional, mostra na paisagem do sul da Bahia o drama da infância abandonada, bem como os conflitos e injustiças sociais ligados aos desequilíbrios econômicos. O caótico quadro por ele traçado nos idos de 1937, infelizmente não mudou, mesmo no início de milênio.
Este tema é objeto de numerosas análises sociológicas, que nos trazem informações no sentido de que o caminho que leva à marginalidade não é traçado por uma categoria particular de crianças e adolescentes, mas sim por todo um conjunto de problemas estreitamente relacionados com condições de habitação subumanas, crises entre os pais, um sentimento generalizado de alienação e de isolamento no seio da família, na escola, e, acima de tudo, pela discriminação feita pelas pessoas do seu meio que representam a sociedade dita "normal".
Na realidade, centenas de milhares de crianças e adolescentes rebelam-se contra as "pessoas respeitáveis" somente por decepção, porque os adultos não souberam dar-lhes a imagem de uma comunidade humana onde eles tivessem seu lugar, à qual gostariam de se integrar, onde encontrassem compreensão, segurança e calor.
Na maioria das vezes as crianças refugiam-se na marginalidade, em conseqüência do fracasso da geração dos seus pais, fugindo, desta forma, das opressões de todos os gêneros, protegendo-se da despersonalização em