Serviço social
Há alguns anos, bem antes de ingressar em A.A., quando as garras do alcoolismo ainda eram tênues, costumava passar num local onde havia uma placa de um Grupo. Certo dia, até parei com vontade de conhecer, ver como funcionava e se havia horário diurno. Ao verificar que as reuniões eram à noite vi que o horário me impossibilitaria de comparecer, pois queria ir às escondidas do meu companheiro, também alcoólico, que, com certeza não concordaria em abrir mão da minha companhia, justamente no nosso horário “nobre”, ou seja, aquele em que estávamos sempre rodeados de garrafas e copos num bar qualquer. Essa desculpa, aliada ao fato de sentir vergonha, como mulher, de que alguém me visse entrando ou saindo da sala, bem como dos que lá se encontrassem me reconhecessem e saírem me apontando, me levaram a esquecer o assunto. Além de tudo esse lampejo não se deu porque me considerasse alcoólica e precisasse de ajuda, seria apenas por curiosidade, afinal, eu bebia como todo mundo bebe; às vezes exagerava um pouquinho (diariamente), mas quem já não o fez? Eu não era alcoólica apenas queria parar de beber e ouvira dizer que em A.A. se conseguia. Deixei que a doença seguisse me destruindo, me levando a todas aquelas perdas de que tanto ouvimos falar e falamos nos Grupos: da dignidade, da moral, da família, do patrimônio, da memória, etc. Do emprego não aconteceu, pois o alcoolismo se manifestou e tomou vulto após a aposentadoria. Até então – hoje eu sei – apresentava sintomas, atitudes, ações e reações típicas, mas desconhecia que tratava de doença e não percebia que estava perdendo o domínio da minha vida, ainda que mantendo o controle da situação. Um dia, após um porre de conseqüências dramáticas, decidi que procuraria ajuda para parar de beber, eis que praticara a abstinência diversas vezes, mas sempre voltava pior, o que me provara ser inócua a tentativa de parar. Sozinha jamais conseguiria me afastar do “rei álcool”, que