Sequência didática – figura de linguagem
Escritor, ensaísta e dramaturgo paulistano, Oswald de Andrade (1890 - 1954) foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. Considerado o mais rebelde do grupo, compôs "Serafim Ponte Grande" entre 1925 e 1929. O livro, publicado em 1933, é, ao lado de "Memórias Sentimentais de João Miramar", de 1924, um romance de alta inventividade.
A narrativa não tem capítulos, mas 203 fragmentos. Em linhas gerais, pode-se dizer que é um livro de memórias dividido em 11 partes agrupadas em três. Nelas, é possível encontrar de tudo um pouco: personagens que aparecem e desaparecem sem explicação alguma, narração em primeira e em terceira pessoa, cartas, diário de viagem, anotações íntimas, textos teatrais, poemas curtos, abaixo-assinados e um dicionário de bolso que vai até a letra L.
Descoberta do erotismo -Na primeira parte, a descoberta do erotismo e o tratamento irreverente do tema é uma das principais características. O elo de ligação são os anos de formação do protagonista, contando sua infância, adolescência e a união com Lalá, a quem desvirginara e com quem fora obrigado a contrair matrimônio. O pano de fundo é a Revolução de 1924, vista com muito senso de humor e ironia.
As viagens de Serafim pela Europa e Oriente, após o seu enriquecimento, concentram a atenção da segunda parte, enquanto na terceira ocorre o retorno ao Brasil, onde se dá a derrocada da utopia da personagem por um futuro melhor. O resultado é marginalidade, amargura e tristeza do protagonista.
Autor dos manifestos da Poesia Pau Brasil e do antropófago, Oswald apresenta marcada influência do psicanalista suíço Sigmund Freud na maneira de tratar o sexo. Serafim Ponte Grande defende os mesmos conceitos do escritor paulistano: obediência aos impulsos carnais, por mais inconvenientes que possam parecer para a sociedade, numa postura que combate todo tipo de repressão judaico-cristã.
Narrativa inovadora e