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Jornal Folha de S.Paulo , domingo 16 de maio de 1982
Procon constata que consumidor perde por ignorar a sistemática das taxas de juros nas compras a prazo
“O consumidor brasileiro ‘aperta o cinto’, reduz o consumo até de bens essenciais, para economizar alguma coisa e colocar na caderneta de poupança, onde vai receber uns 100% ao ano, pouco mais que a inflação. Esse mesmo sacrificado consumidor brasileiro faz compras a prazo, e paga juros de 140%, 170% ou 200% ao ano, isto é, muito maiores do que os rendimentos oferecidos à sua poupança. Será que o brasileiro não percebe que está sendo logrado?” A análise, repetida por líderes empresariais nos últimos tempos, tem uma resposta: na esmagadora maioria dos casos, o consumidor não sabe que está perdendo dinheiro, pelo fato puro e simples de que ele não sabe calcular as taxas de juros cobradas nas vendas a prazo (ou mesmo em empréstimos tomados junto a financeiras ou bancos).
Hoje, mais do que nunca, o consumidor precisa ser orientado nessa área: a atoarda em torno da “queda das taxas de juros” está estimulando o consumo, pois as famílias passaram a acreditar naquela redução do custo do dinheiro. Na verdade, se houve exemplos esporádicos nesse sentido, o fato é que ainda predomina a cobrança de taxas de juros 150 a 180% ao ano, para uma inflação de 90% ao ano, “devorando” uma parte da renda que o consumidor poderia usar em seu próprio proveito. No outro extremo, há casos em que já existe a cobrança de juros significativamente mais baixos, de 110%, 120% ou 130% ao ano.
Ao consumidor que deseja ou precisa comprar neste momento, portanto, cabe fazer cálculos para saber realmente quanto está pagando de juros por ano, aproveitando as melhores oportunidades do mercado. Para isso, ele precisa livrar-se de algumas “ilusões” que o levam a errar em suas contas.
SOMAR JUROS, PRIMEIRA ILUSÃO
O consumidor brasileiro tem o hábito de fazer certas contas “de cabeça”, tentando