Segunda Vida de Francisco de Assis
No primeiro ato, o ambiente de cena dá-nos um discurso onde se vê, num flash histórico, a primitiva Ordem de São Francisco, apoiada num ideal de estrita pobreza. Em contraste com a primeira fase medieval, a Ordem é vista a partir daí como companhia ortganizada em moldes contemporâneos, chefiada por um presidente ativo, dotado de visão que caracteriza um homem realizado no mundo dos negócios. Gerida por Elias, a companhia tem seus negócios próprios, carteira de títulos, agentes na rua vendendo produtos básicos próprios e dispõe de uma máquina burocrática moderna, eficiente, com um lote de secretárias ativas que sabem usar telex, terminal de computador, dentro do espírito da moderna empresa. Trata-se realmente de uma visão franciscana, que não é a visão medieval registrada por São Francisco.
A peça de Saramago mostra logo ao abrir da cena, Elias, na história, Ministro Geral reformador querendo adaptar a ordem aos novos tempos. Saramago mostra-o como presidente da companhia, analisando pesquisas que apontam uma tendência para reduzir a área de influência da companhia: "Aquilo que deverá talvez preocupar-nos mais é o desequilíbrio percentual entre os dois motivos principais alegados pelo universo consultado: setenta e um por cento dos inquiridos declaram que "estamos a perder o domínio da situação porque a qualidade do nosso produto básico se tornou, em maior ou menor grau, insatisfatória. Vinte e três por cento insinuam ou chegam a afirmar francamente que o mal resulta da