Sedentarismo no campo
Clarice Cerqueira Paula Bicalho: atividade física ligada ao lazer evita doenças
O sedentarismo não é um mal exclusivo das grandes cidades. Em áreas rurais do Vale do Jequitinhonha, a falta de atividade física e as doenças a ela associadas, como diabetes, hipertensão, obesidade e dislipidemia, alcançam níveis muito próximos aos das áreas urbanas. É o que se pode concluir dos estudos desenvolvidos pela professora Paula Gonçalves Bicalho, da Escola de Enfermagem e integrante do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas em Epidemiologia (Niepe).
Paula Bicalho recorreu a dados de um inquérito feito pelo Niepe na região do Vale do Jequitinhonha, em 2004, e de resultados do estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde. Partindo desses levantamentos, a pesquisadora foi a campo e observou a relação dos moradores de áreas pertencentes aos municípios de Jequitinhonha e Ponto dos Volantes, no Vale do Rio Jequitinhonha, com a atividade física.
Apenas 10% dos 567 adultos que entrevistou reservam 30 minutos por dia, durante cinco dias da semana, para realizar alguma atividade física ligada ao lazer. “É a forma que efetivamente ajuda a prevenir doenças”, explica Paula Bicalho. As demais maneiras de exercitar o corpo – trabalho, deslocamento e atividade doméstica – não produzem o mesmo efeito. “O deslocamento pode, sim, ajudar, mas somente se feito por 10 minutos seguidos de forma moderada a intensa, por exemplo, a pé ou de bicicleta”, ressalva.
Os resultados da pesquisa, materializados em sua tese de doutorado, foram estratificados por sexo, raça e nível de escolaridade. Eles apontam que os homens são mais ativos que as mulheres – seja no trabalho e no lazer. O mesmo ocorre com negros e pardos, na comparação com brancos, e com pessoas com mais de cinco anos de estudo.
Na avaliação da autora, tal quadro é muito preocupante, já que essas regiões, diferentemente das áreas