Saúde do idoso
O atendimento ao indivíduo idoso apresenta características muito peculiares que, se não bem conhecidas e respeitadas, podem diminuir bastante a quantidade de informações obtidas do paciente. É essencial que se tenha consciência de quais enfermidades têm maior prevalência na idade avançada e principalmente da concomitância entre elas, sejam doenças crônicas adquiridas na juventude, sejam problemas recém-surgidos.
Ao atender o paciente idoso deve-se ter em mente alguns princípios básicos e essenciais; o envelhecimento é um processo biológico diferente de qualquer doença. Confundi-los é um erro conceitual grave, que contribui para o conceito popular errôneo, mas infelizmente, muito difundido de que todo velho é necessariamente doente. Todos os esforços devem ser empregados no sentido de diferenciar o que se deve atribuir a uma doença específica e o que é conseqüência normal da idade. A grande dificuldade reside no fato de que freqüentemente esta distinção é muito complicada para ser feita e acaba exigindo um bom grau de minuciosidade na anamnese e no exame físico ou mesmo confirmação laboratorial; o envelhecimento exerce efeito importante sobre os mecanismos fisiológicos, de forma que o comportamento orgânico e as manifestações clínicas podem ser muito diferentes do que se espera habitualmente para um adulto jovem. As doenças podem se apresentar de forma diferente e, freqüentemente, bem mais complicada; o célebre conceito de que todo quadro clínico do doente tem explicação por uma única afecção ou no máximo por um número restrito delas deve ser visto com prudência no idoso; ao contrário, deve-se admitir a possibilidade diagnósticos múltiplos com mais facilidade neste grupo etário, que caracteristicamente apresenta com freqüência vários diagnósticos associados, cujas sintomatologias simultâneas podem confundir o examinador; queixas numerosas e mal caracterizadas são um fenômeno muito freqüente nestes indivíduos e a sua aparente falta de significado