saude
Na história natural do mundo, a violência tem sido um mecanismo de defesa. Indivíduos, povos e nações se degladiaram na luta pela sobrevivência. Na realidade, o trauma é um reflexo da história da humanidade.
O trauma tem sido rotulado como a doença neglicenciada do mundo moderno, tanto que os investimentos feitos, visando ao seu controle, prevenção e tratamento, são inversamente proporcionais à rápida progressão da violência e ocorrência dos traumatismos. O trauma, mais do que uma grave doença, tem sido considerado um sério problema social e comunitário. Sem dúvida, constitui-se, hoje, num dos mais significativos problemas de toda área da saúde.
Embora os aspectos relacionados à epidemiologia do trauma - seu significado e importância - tenham ganho maior destaque nos últimos anos, e em especial em nosso meio, eles não são valorizados pela própria comunidade médica. Na verdade, o trauma é uma doença comumente ignorada como problema de saúde da comunidade.
Os números justificam porque o trauma é um complexo problema de saúde pública no Brasil dos anos 90: a) constitui a segunda causa geral de morte; b) é a primeira causa de morte abaixo dos 45 anos; c) é responsável por mais de 90 mil mortes anuais; d) deixa mais de 200 mil vítimas por ano, definitivamente seqüeladas; e) consome mais anos de vida útil que as doenças cardiovasculares e o câncer; f) implica custos diretos e indiretos de bilhões de reais, superiores ao valor da dívida externa do país.
Cerca de 90 mil mortes por ano decorrentes do trauma correspondem a 7.500 mortes por mês e 250 por dia. É como se ocorresse diariamente a queda de um avião a jato, equipamento 767, sendo os corpos esparramados por todo o país. Morrem dez